acompanhe os investigadores Andrei Fernandes, Lucas Balaminut e Rafael Jacaúna se unem para ir até a pequena cidade americana investigar a fundo sobre discos voadores.
No dia 8 de julho de 1947, a manchete principal do jornal The Roswell Daily Record foi um tanto surreal. Nela, dizia-se que militares haviam recuperado destroços de um “disco voador” em um rancho nos arredores de Roswell, Novo México. Apenas um dia depois, a declaração foi retirada, mas foi o suficiente para que a pequena cidade do Sudoeste americano passasse do seu status de “capital do laticínio” para o famoso local de um dos (supostos) incidentes ufológicos mais importantes do século XX.
Crescente interesse
A história do disco acidentado havia sido esquecido até 1978, quando o físico nuclear Stanton Terry Friedman ouviu falar de Jesse Marcel, sobre quem pairavam rumores de já ter tocado um disco voador. Friedman o procurou. Inicialmente as informações de Marcel eram escassas demais para serem de alguma utilidade a Friedman, mas aos poucos ele e outros pesquisadores foram obtendo mais informações e descobrindo outras testemunhas. Enquanto isso, Friedman conseguiu que uma entrevista com Marcel fosse publicada no tabloide National Enquirer, onde Marcel afirmava que nunca tinha visto nada como o material encontrado em Roswell, que acreditava ser de origem extraterrestre. Assim, o assunto Roswell voltou às manchetes e Marcel virou uma celebridade no mundo da ovniologia.
Baseando-se em relatos de diversas testemunhas descobertas a partir da volta do Caso Roswell às manchetes, pesquisadores publicaram os primeiros livros defendendo a tese de que os destroços de 1947 eram de uma nave alienígena. São exemplos The Roswell Incident (1980), de Charles Berlitz e William Moore; UFO crash at Roswell (1991) e The truth about the UFO crash at Roswell (1994), de Kevin Randle e Donald Schmitt e Crash at Corona, de Don Berliner e Stanton Terry Friedman (1997).
Ainda que divergissem em alguns detalhes, as teorias apresentadas nesses livros seguiam a mesma lógica básica. Os destroços encontrados em Roswell seriam de uma nave alienígena que, por algum motivo desconhecido, teria se acidentado. Ao identificarem os destroços, os militares americanos teriam iniciado uma campanha de desinformação para acobertar a verdadeira origem do material, apresentando a versão oficial de que seriam restos de um balão meteorológico. O material teria sido, na verdade, encaminhado para análise em instalações secretas de pesquisa e escondido do público.
Descoberta intrigante
Tudo aconteceu na primeira semana de julho, quando um homem chamado W. W. “Mack” Brazel se deparou com estranhos destroços do que parecia ser um acidente aéreo enquanto cavalgava por seu rancho, situado no noroeste de Roswell, no Novo México. Segundo o rancheiro, como havia chovido muito na noite anterior, ele havia saído para checar seu rebanho de ovelhas quando encontrou fragmentos de metal espalhados por uma grande área, assim como vestígios de que algo havia colidido e se arrastado por centenas de metros.
Brazel chegou a coletar algumas das peças metálicas que encontrou e mostrar a alguns amigos e vizinhos, até decidir relatar o ocorrido ao xerife local, George Wilcox. O policial provavelmente pensou que os destroços podiam ter alguma conexão com testes militares na área e entrou em contato com o pessoal da base aérea de Roswell para pedir auxílio com a investigação.
Os militares enviaram o Major Jesse Marcel para descobrir o que estava acontecendo e, acompanhado de Brazel, Wilcox e de um membro da Counter Intelligence Corps — uma agência ligada ao serviço secreto norte-americano —, no dia 7 de julho de 1947, Jesse pisou na área do suposto acidente. Durante essa vistoria preliminar, o major teria dito que o objeto provavelmente teria explodido próximo ao solo e caído no local e ele então determinou a direção em que estava viajando.
📷Manchete do Roswell Daily Record
Jesse também fez estimativas da área do acidente e realizou alguns testes rápidos com peças metálicas — e, segundo os rumores, teria dito que nunca havia visto nada remotamente parecido com aquilo antes. Não demorou até que a base aérea fosse novamente acionada e uma operação para a recuperação dos destroços fosse organizada.
Então, no dia seguinte, 8 de julho de 1947, a história estampou a capa do jornal Roswell Daily Record — com o título “Força Aérea Captura Disco Voador em Rancho na Região de Roswell” — e, a partir daí, a coisa toda caiu na boca do povo e se espalhou pelo mundo!
Rumores
Depois que a notícia foi divulgada, várias testemunhas decidiram se manifestar publicamente, como foi o caso de William Woody, que relatou que ele e seu pai teriam visto um estranho objeto brilhante mergulhar do céu em direção ao solo na noite do dia 4 de julho — anterior à descoberta dos destroços. Os dois contaram que chegaram a tentar encontrar o local do acidente, mas foram impedidos por militares de vasculhar o rancho de Brazel.
📷Militares com alguns fragmentos coletados no local do acidente
Também circularam histórias de que os militares norte-americanos teriam rastreado a movimentação de um objeto voador não identificado sobre o Novo México durante quatro dias — até sua queda no noroeste de Roswell. Outro rumor foi o de que um cara chamado Glenn Dennis, que trabalhava em uma casa funerária local, teria recebido alguns telefonemas curiosos do necrotério da base aérea.
Aparentemente, o pessoal de lá teria perguntado a Glenn se ele dispunha de caixões de pequeno tamanho que pudessem ser hermeticamente fechados. Os oficiais também teriam pedido informações sobre como preservar corpos que estiveram expostos aos elementos durante alguns dias e como evitar a contaminação dos tecidos dos cadáveres.
📷Quem nunca viu essa imagem antes?
O agente funerário contou que chegou a ir até a base, onde viu parte dos destroços, e foi prontamente convidado a deixar o local. Glenn contou ainda que uma enfermeira da base teria revelado a ele que os militares haviam descoberto os corpos de seres alienígenas na fuselagem do suposto OVNI.
Como você deve ter lido ou ouvido por aí, também circularam muitos boatos de que o governo norte-americano teria conduzido necropsias nos supostos aliens, além de ter transportado cadáveres, destroços e todas as provas até a Área 51 e tentado a todo custo encobrir toda a história. Segundo o comunicado oficial emitido pela Força Aérea, o que eles recuperaram no rancho de Brazel não era nenhuma aeronave, muito menos um disco voador, mas sim um balão meteorológico.
Considerações
Algo importante a ser mencionado sobre a época em que o suposto acidente aconteceu é que o assunto sobre os discos voadores era uma completa novidade. Na verdade, o termo “disco voador” havia sido criado apenas duas semanas antes, por um aviador chamado Kenneth Arnold que teria avistado um objeto voador não identificado com formato de disco nos arredores do Monte Rainier, em Washington.
Sobre a explicação apresentada pela Força Aérea, de que os destroços pertenciam a um balão meteorológico, a justificativa foi aceita na ocasião, mas, anos mais tarde, quando os casos de avistamentos de OVNIs começaram a se tornar mais numerosos e populares, a história de que tudo não passou de uma tentativa dos militares de esconder a verdade acabou ganhando força.
Muitas pessoas investigaram o caso ao longo dessas sete décadas desde que o acidente aconteceu, e uma informação que acabou vindo à tona é de que os militares estavam sim tentando encobrir a verdade — mas a coisa toda não tinha nada a ver com discos voadores. Em 1947, como você deve saber, os EUA e a União Soviética estavam envolvidos na Guerra Fria, e os norte-americanos estavam trabalhando secretamente em um projeto chamado Mogul.
📷Manequins usados nos testes militares
O desenvolvimento dessa iniciativa envolveu o lançamento de balões de grande altitude equipados com microfones para monitorar testes nucleares conduzidos pelos soviéticos, portanto, o objeto que caiu em Roswell seria um desses balões. No entanto, como se tratava de um projeto supersecreto, os militares norte-americanos acabaram divulgando apenas uma parte da história — o que acabou atiçando a imaginação do público.
Os detalhes sobre o Projeto Mogul só foram tornados públicos em 1994 e, em 1997, foram divulgadas informações de que a Força Aérea havia realizado uma série de testes com manequins como parte da Operação High Dive, que envolveu lançar bonecos de paraquedas a partir de grandes altitudes para realizar estudos de sobrevivência em humanos. Sobre as supostas necropsias realizadas nos ETs e as imagens que ainda circulam a internet mostrando os cadáveres, já faz tempo que ficou (mais ou menos) provado que tudo não passa de farsa. Só que essas explicações vieram tarde demais...
📷Modelo em exposição no International UFO Museum, em Roswell
Até hoje, como você sabe, o incidente causa polêmica e desperta o fascínio pelo mundo. Por um lado, temos o pessoal que está convencido de que o Governo dos EUA recuperou aliens e naves espaciais sim; e, por outro, temos os céticos que alegam que o problema é que a história envolvendo discos voadores, cadáveres extraterrestres e conspirações militares são muito mais interessantes do que a (simples) verdade. E você, caro leitor, o que opina?
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